O seu antigo e sábio rei, dotado de todas as belas qualidades que um rei deve ter, por muitos anos organizou e fez seu reino prosperar. Não havia inimigo externo que pudesse enfrentar suas tropas. Não havia também nenhum desastre natural que levasse desespero ou medo a seu povo.
Considerado um grande governante, por longos 38 anos de reinado, o povo somente viu paz e prosperidade. Mas como tudo deve terminar, a vida deste nobre regente chegou ao fim.
Seus filhos, os sucessores do trono, por longos anos foram treinados e educados para a função e mesmo os conselheiros reais mais próximos eram incapazes de decidir quem seria o melhor sucessor já que todos eram mais do que aptos para a função.
A casa real, enquanto seu rei era vivo estava em paz e harmonia; porém, com a morte de seu pilar, as inquietações tomaram conta do coração dos três filhos.
São nestes momentos em que a fé vacila e o mal destilado pela princesa infernal Ekisis invade os corações dos homens.
Nos dias que se sucederam ao funeral, os irmãos foram abordados por uma linda senhora que trazia as condolências e uma palavra “amiga” para os corações dos príncipes.
- Jovem Ilunis, és belo e inteligente, nenhum entre seus irmãos é tão hábil com o arco e flecha. Então por que não és o sucessor de seu pai?
- Senhor Lucanis, és o mais forte dentre seus irmãos e de coração mais justo. Comandarias o reino como sua casa, trazendo prosperidade a todos. Então por que não és o sucessor de seu pai?
- Nobre Marcinos, sucessor por direito, irá governar com sabedoria e justiça trazendo uma nova era de paz e abundância para seus súditos. Então por que tem o trono ameaçado por seus irmãos?
O veneno de suas palavras levou os irmãos à discórdia e, por fim, a paz de tantos anos se desfez. Uma guerra civil destroçou o reino. Enfraquecido, foi dominado e repartido por seus inimigos até não mais existir.
Extraído de O Livro de Maudi, do capítulo “Mentiras Infernais” Biblioteca de Saravossa.
A beleza de sua forma e de seus enviados infernais é conhecida e não pode ser negada, nem mesmo pelos deuses. O encanto de sua forma atrai os olhos e ouvidos dos que a cercam, tornando-se aptos a ouvir suas palavras amaldiçoadas.
Seus gestos delicados e afetuosos tentam aproximar e deixar susceptível as mentiras que destila em meio a observações e elogios.
Jamais se lança em confrontos diretos preferindo levar seus adversários a lutar entre si.
Odeia Morrigalti acima dos demais príncipes, mesmo sendo seu pai. Este jamais lhe dá ouvidos, preferindo destroçá-la sem qualquer piedade.
Os objetos lançados na fogueira são oferendas a Ekisis.
A mordaça: Sob a influência deste item, o demonista pode ver a aura de todos aqueles que não são demonistas ou que se fazem passar por tais. São como reveladores da verdade, algo nem um pouco inusitado para os conhecedores da mentira. Para se conhecer um mentiroso é necessário outro mentiroso.
Seu reino é conhecido com a terra dos tolos, formado por um imenso deserto. No centro deste está situada a cidade de Barciano, também chamada de a cidade das mentiras.
As almas dos que chegam são conduzidas pelo guardião da cidade por um caminho que atravessa o imenso deserto. Durante o trajeto as almas são tentadas a fugir para o deserto. Esta é a primeira mentira que enfrentam. Os que fogem têm um destino triste onde a alma é consumida pela solidão. Estes são os primeiros a serem saboreados por Ekisis.
Os que chegam se deparam com uma cidadela formada por um imenso labirinto com um imponente castelo em seu centro. O Guardião então explica que para serem salvos deverão chegar até Ekisis para suplicar o seu perdão.
Quando adentram no labirinto, as almas encontram a mais tortuosa e sinistra mentira... o labirinto nunca leva até Ekisis! A senhora deste reino está sempre a se divertir e a se alimentar dos sofrimentos das almas perdidas em seu imenso labirinto de mentiras, desentendimento e discórdia.
Vivia a pregar peças em seus amigos e parentes, inventando acontecimentos ou perigos. Por longos anos passou a se divertir em deixar a vila onde morava desesperada com tais mentiras.
Sempre inventava algo novo, mas para deixar a vila assustada gritava que bandidos estavam vindo. Depois de horas de desespero, os habitantes encontravam Anteu gargalhando dos demais na praça.
Isso persistiu até o dia em que estava em cima da colina e viu uma grande quantidade de pessoas marchando, mas logo percebeu que as “pessoas” na verdade eram uma tropa de orcos vindo para sua vila. Anteu gritou e fez sinais para os vigias, mas estes não lhe deram ouvido, acreditando se tratar de mais uma de suas brincadeiras.
Aterrorizado, Anteu correu para vila com a intenção de ele mesmo fechar os portões da cidade, mas quando chegou já era tarde. Encontrou a vila sendo atacada, a violência e chamas ardiam...
Quando os orcos foram embora, Anteu descobriu que ele ara o único sobrevivente do vilarejo. Com seu lar destruído, foi tentar viver em outra cidade, mas uma maldição recaiu sobre ele. Onde quer que fosse passou a ser conhecido como “o mentiroso” e, em todo local, era sempre expulso.
Sem lar e sem esperança, passou a vagar solitário, sempre acompanhado pelos espíritos dos moradores de sua antiga vila. Por fim morreu sobre as ruínas de sua terra natal. Foi neste dia que sua alma foi direta para o reino de Ekisis.