No centro da cidade, onde ocorriam as grandes festas, havia uma estátua de pedra da deusa Liris, e também o templo local onde ela era venerada pelos moradores.
O então governador da cidade, o senhor Henris, buscando aumentar a arrecadação da cidade, viu nas festas uma forma fácil de conseguir isso.
Assim, foi facilmente seduzido por demonistas adoradores de Morrigalti, que o convenceram a retirar a estátua de Liris e colocá-la em uma praça distante e esquecida. Em seu lugar, colocou a estátua de Morrigalti.
Os sacerdotes de Liris protestaram contra o ato, mas foram expulsos da casa do governador.
Tempos depois, muitos teriam testemunhado que, durante a noite, uma névoa fantasmagórica percorreu toda a região, cruzando a cidade e vagando pelo campo, desaparecendo ao raiar do dia.
No dia seguinte, quando o governador acordou e foi tomar seu pomposo desjejum, todos os alimentos que ele tocava apodreciam instantaneamente.
Impossibilitado de comer e desesperado, o governador consultou um oráculo para saber quem o teria amaldiçoado. O oráculo afirmou que teria sido a própria deusa Liris, coberta de ira.
O governador, temendo por sua vida, ordenou que a estátua retornasse a seu lugar original e suplicou a Liris que fosse libertado de seu infortúnio.
Infelizmente, para a sua situação não houve melhora. Apesar de todo o alimento que lhe podia ser oferecido e de todo dinheiro que tinha para comprá-los, na semana seguinte, veio a morrer de fome.
Desde então, ninguém jamais tentou irritar a deusa novamente.
Extraído de A Formação do Mundo, Livro de Maudi - Biblioteca de Saravossa.
No mundo já dividido em água, terra e céu, a vida não existia. Animal ou planta habitava-o, e o silêncio imperava.
Do silêncio, três figuras surgiram e, ao tocarem a água, esta borbulhou e a vida começou a surgir em pequenas formas e, em pouco tempo, em maiores. Quando tocaram a terra, houve um tremor e uma onda de calor e fertilidade espalhou-se. Pequenas plantas surgiram e, com o tempo, outras maiores vieram.
Por muitos séculos foi assim, as três figuras fizeram do mundo sua obra. Criaram animais de tamanhos e formas diferentes.
Mas o mundo ainda estava incompleto, apesar de cheio de vida e beleza havia ainda um vazio, um silêncio.
Foi quando os demais deuses desceram.
Criaram seus filhos que viveriam neste mundo e preencheriam este silêncio. Assim nasceram as raças conscientes de Tagmar.
Dentre as três figuras, estava uma bela mulher feita de fogo e luz. Ela portava uma foice dourada como o Sol e, a cada balançar das suas mãos, qualquer ser tocado por sua foice tornava-se próspero.
Quando os filhos dos deuses se aproximaram, ela os olhou com cuidado e se apresentou.
Seu nome é Liris.
A jovem deusa é vista sempre acompanhada de seu pai e irmão, este que sempre se encontra atrás dela e a acompanha atentamente com os olhos.
É cordial com todos tendo somente alguns mal-entendidos com Cambu, que alguns séculos atrás tentou seduzi-la, causando grandes problemas a ele. Com Lena, tem uma relação de amizade, com quem busca conhecimentos mais profundos na arte da sedução.
O relacionamento com sua mãe é instável, vivem em eternas discussões e alterações de humor, fazem um campo de batalha a cada encontro.
Com seu pai, apesar do respeito, acredita que suas ações são sempre lentas.
Em Quiris, seu irmão, encontra a paz e a tranquilidade, sendo este o único capaz de acalmá-la quando fica zangada. Dizem que o amor que nutrem um pelo outro é maior que o simples amor de irmãos...
Neste dia, as plantações são abençoadas com fartura. Nas fazendas, comemora-se com danças e, à noite, uma mistura de leite e vinho de qualquer fruta é derramado em frente à entrada da fazenda e em parte do campo cultivado.
Nos armazéns, são pendurados atrás das portas pequenos objetos de madeira com o símbolo de Liris.
O material de que é feito o templo é semelhante ao do templo de Sevides: feitos em pedra, tijolos cozidos, ou mesmo em madeira.
Na entrada do templo, existe uma pequena chama onde grãos podem ser lançados para “alimentar” os deuses, honrando-os. Mas é em frente ao altar de Liris que se pode ver grandes jarros contendo sementes das plantas típicas da localidade onde se encontra, arrecadadas pelos sacerdotes como oferendas dos fazendeiros aos bons préstimos.
No momento do próximo plantio, estes grãos serão levados ao templo de Quiris, onde serão distribuídos aos agricultores locais para abençoar suas plantações.
Na faixa da ordem sacerdotal de Liris, pequenos símbolos representando frutos estampam o tecido, e a marca de pequenas flores fica a vista.
A posição dentro da ordem é marcada pelo número de nós existentes no cordão de linho preso à cintura. O número máximo de nós são cinco.
Costumam usar chinelos feitos de couro curtido, uma cesta que usam durante as colheitas, um incensório e um instrumento de corte para simbolizar o ato da colheita durante as cerimônias.
A trezentos metros da nascente do rio Sevides, na margem esquerda, encontra-se um grande platô feito em pedra. Incrustado no chão em formato de meia-lua, o símbolo de Liris marca um dos locais mais sagrados da ordem, onde grandes cerimônias são realizadas pelos altos membros da ordem.
A este amuleto são creditados os poderes de duplicar a produção. Com isso, sacas de cereais podem ser duplicadas e milhares podem ter sua fome saciada com a plantação de alguns hectares.
Entretanto, se mal-usado, pode provocar a destruição da colheita ou a morte dos animais.
Este amuleto se encontra enterrado em um templo de Liris e guardado secretamente por membros mais altos da ordem.
Muitos afirmam que a união dos amuletos de Hudrar (ver texto sobre Quíris) e de Aksas pode levar a abertura dos portões celestiais e expurgar todos os demônios de Tagmar. Contudo, isso possivelmente levaria a uma nova era de renascimento, destruindo juntamente todas as espécies existentes.