Maira, a imponente e sábia rainha, encarregou-se de comandar os elementos extraídos dos titãs derrotados. Dessa maneira, fez surgir o ar, a terra, o fogo e a água.
Tomando o ar e a água em suas delicadas mãos, soprou sobre elas e estendeu um manto de névoa através do universo. As brumas ocuparam por completo o grande vazio e não havia alto e baixo, norte ou sul.
Depois, Maira tomou o fogo e a terra, misturando-os em uma de suas palmas. Usando então seu punho onipotente, bateu sobre a mão espalmada e deste choque nasceram vulcões, vales, colinas e grandes cordilheiras que vagavam vagarosamente pela névoa universal. Para além das massas de rocha e fogo, nada havia senão o vazio úmido do mundo, e a fronteira entre essas duas coisas deu-se o nome de horizonte.
A deusa pausou por um instante, contemplou sua obra e desejou que houvesse algo ocupando o vácuo insubstancial que existia entre as crostas de terra. Para esta tarefa ela chamou Ganis. Atendendo ao pedido de Maira, Ganis fez uma gigantesca concha com suas mãos e preencheu-a com água; deixando a água escorrer, pouco a pouco por entre os dedos, fez cair torrentes tempestuosas que formaram os lagos, rios e oceanos, e às massas de terra que permaneceram emersas deram-se os nomes de ilhas e continentes.
Com isso, surgiu também o firmamento, o norte e o sul, o alto e o baixo; mas tudo estava mergulhado em trevas. Maira tomou entre suas mãos todo o fogo que restava e fez com que ele ocupasse um espaço tão pequeno quanto uma cabeça de alfinete. Em seguida, soltou essa cabeça de alfinete no céu, e o fogo que estava ali concentrado, explodiu em mais faíscas do que os números podem contar. A grande bola de chamas passou a habitar o firmamento, tão brilhante que ofuscava todas as outras faíscas.
À ela, Maira deu o nome de sol e fez que sua obra girasse em torno dela, para que toda sua extensão pudesse ser iluminada. Assim, nasceram o dia e a noite, a alvorada e o pôr do sol.
Maira caminhou sobre as praias rochosas e contemplou longamente no céu noturno as faíscas que eram visíveis apenas quando o sol se ocultava. Por mais satisfeita que estivesse com o resultado, sentia que seu trabalho ainda permanecia incompleto. O firmamento repleto de faíscas era uma vista verdadeiramente deslumbrante: belo, mas vazio. Para concluir sua obra e pontuá-la com algo que lembrasse a todos sua autoria, Maira tomou de sua própria luz para colocar no céu três grandes luas. Por serem feitas da luz de Maira, as luas foram dotadas de grande influência sobre o mundo, movendo as marés e inspirando os corações dos seres que vieram a habitá-lo mais tarde.
O mundo estava criado. Completo, mas desabitado. Para encher o mundo de movimento e fazê-lo pulsar com vida, a deusa - auxiliada por seu irmão Sevides e seus dois sobrinhos (Liris e Quiris) - fez povoar as terras e as águas com toda a sorte de animais e vegetais, os quais se multiplicaram e espalharam pelos quatro cantos do mundo. Assim, o mesmo estava pronto para receber os "filhos".
Extratos do Livro de Maudi, do capítulo “A Criação” - Biblioteca de Saravossa.
Por esse motivo, é normalmente associada a três aspectos diferentes: Maira Nil, que representa a onisciência da deusa no reino animal; Maira Vet, que representa o poder da deusa sobre o verde; E Maira Mon, face da deusa que comunga entre os minerais. Embora tudo represente a mesma deusa, Maira não se opõe a essa definição criada pelos mais sábios e que exemplifica melhor a comunhão existente da deusa e seu reino.
Seu andar é gracioso pelas florestas e montanhas, sendo sempre acompanhada por animais que pelas imediações a encontrem.
Também pode ser associada a animais que falam, minerais de brilho raro e intenso, e árvores milenares e gigantescas.
Selimom é seu conselheiro e irmão, onde pode encontrar a paz em momentos difíceis.
Tem com Blator, Crezir e Crizagom uma relação difícil, apesar de serem respeitosos uns com os outros. Com Cruine, forma a ideia de início e fim de uma jornada, um acordo que há muitos milênios acabou por criar o ciclo da vida.
Sevides, Liris e Quiris são seus mais prezados amigos na difícil tarefa de gerar o equilíbrio da vida no mundo.
Lena e Plandis são vistos por ela como crianças brincalhonas, muitas vezes flagradas em suas travessuras com os “filhos” dos deuses.
Cambu é o seu mensageiro e aquele a quem é designada a difícil tarefa de levar o desejo dos deuses.
Durante três dias, os celebrantes plantam novas mudas de árvores na parte da floresta que foi desmatada como forma de reposição do reino da deusa. Ao anoitecer de cada dia, acontece uma grande festa com música e atrações artísticas. Durante a festa são servidas frutas, cereais, sementes, vinho e cerveja, normalmente doados pelos nobres da cidade à população.
Conta-se que, em Rapso, durante um desses festivais, um sátiro, espírito da natureza criado por Maira, apareceu numa das noites para celebrar a exaltação juntamente com os fiéis, que interpretaram isso como um sinal de apreciação da deusa à festa.
A cada ano, é esculpida uma nova estátua em homenagem a deusa, sempre em um mineral diferente das anteriores, pelos mais habilidosos escultores da comunidade. Ao ser finalizada, a estátua percorre os principais pontos da cidade anã, juntamente com seus guardiões, bravos guerreiros anões mestres de armas. Ao final da jornada, a estátua é depositada no templo de Mon, localizada no ponto mais fundo do interior da montanha, juntamente com as outras. A partir de então, apenas os nobres da cidade passam a ter acesso ao templo, rigorosamente vigiado pelos guardiões, tendo em vista o valor monetário das estátuas e sua importância religiosa.
No dia de Maira Vet, os sacerdotes costumam reunir seu rebanho nas proximidades de grandes e antigas árvores da região, onde são realizados sermões e orações, seguidos de um banquete fundamentalmente à base de vegetais, sinal direto de agradecimento à deusa e da dependência dos povos por suas criações.
Neste dia de Maira Nil, menos comemorado que os outros dois, costuma-se ofertar alimento aos animais silvestres da região, como agradecimento pelas dádivas divinas.
O aspecto de Mon é venerado nas comunidades de mineradores da Cordilheira de Sotopor, em Dantsem, e em Blur.
O aspecto de Vet é muito cultuado em Âmiem e nas aldeias nas bordas das florestas.
O aspecto de Nil é cultuado em comunidades criadoras de rebanhos ou que vivem da caça.
Influência das ordens na política dos reinos
Os sacerdotes de Maira têm grande influência dentro dos reinos, principalmente naqueles que se encontram menos dotados de recursos naturais. A busca de matérias-primas, de recursos vegetais e minerais é uma constante para o desenvolvimento dos reinos.
Como tudo na natureza é uma manifestação de Maira, todo o respeito deve ser dado a existência e ao equilíbrio em seu uso, sem esgotar os recursos naturais existentes.
É este equilíbrio na exploração dos recursos minerais que muitas vezes leva ao confronto com grandes senhores de terras.
Os prédios são usados para dormitório, biblioteca e salas de estudos dos sacerdotes que desenvolvem atividades nas comunidades com o objetivo de criar soluções para problemas de esgotamento da terra e de atividades extrativistas e predatórias.
No Jardim interno, que é cercado por grandes muros cobertos de trepadeiras, são celebradas as cerimônias de louvor à deusa. No centro do jardim, existem três grandes altares contendo um mineral, uma estátua de madeira de algum animal e uma pequena muda de planta.
O jardim interno ocupa em média cerca de 80% do terreno do templo. Mesmo nas cidades mais populosas a área verde é explorada ao máximo. Uma das características dos templos é não haver janelas que deem para fora, todas dão vista para o jardim interno.
Não é permitido que se entre calçando botas ou quaisquer tipo de calçados. Estes devem ser deixados na entrada e serão guardados em uma sala própria, sob a responsabilidade do sacerdote encarregado.
Os iniciantes usam capuz que cobrem toda a cabeça, até serem considerados sacerdotes. Então, poderão ter a cabeça descoberta, simbolizando ter alcançado sua “visão”, a bênção de Maira.
Todos usam chinelos quando andam fora da área do templo, mas em seu interior andam descalços.
O Colar de Sementes: este colar feito de pequenas sementes de todas as árvores, frutíferas ou não, de Tagmar. Permite a seu portador entrar em contato direto com Maira através das orações ensinadas nos templos de sua ordem.
A Pedra de Mon: uma pedra de calcário com 25 centímetros de comprimento e com o símbolo de Mon. Ela tem a capacidade de revelar a seu portador os tesouros minerais escondidos na terra.