Minha história começa no ano de 1363 D.C., em Plana. Eu era o primogênito de uma família de nove irmãos e meus pais sempre foram grandes devotos de Cambu. Meu nascimento foi difícil e a parteira afirmava que não sobreviveria até o próximo verão. Minha mãe, em resposta, prometera a Cambu que, se eu vivesse, o serviria por toda a vida.
Dez anos haviam se passado até que em um final de tarde um sacerdote de Cambu veio me buscar. De uma humilde vila fui levado para a grande cidade de Caleonir, sede da ordem e capital de Plana. No grande templo central, durante doze anos, fui treinado e educado. Passei a conhecer e a admirar ainda mais o deus que garantira a minha sobrevivência.
Apesar da invasão Bankdi em 1347 D.C., Plana ainda vivia independente. Nossos exércitos, apoiados por forças de Saravossa, Chatz e Zanta, rechaçavam cada ataque dos demonistas, que vinham de Abadom. Porém, um dia, tudo mudou. Em 1390 D.C., seus exércitos marcharam sobre nossa linda terra em hordas cada vez maiores e com maior ferocidade. Em um ano... um ano apenas, estávamos derrotados. Em pouco tempo a liberdade e a alegria de viver tinham sido roubadas de nós.
As cidades foram dominadas e colocadas sobre controle dos Bankdis e traidores. Eles escravizaram a população, impediram o culto aos deuses e lançaram a ordem de Cambu na clandestinidade. Foram tempos difíceis e negros. Fomos perseguidos, caçados como animais. Todos os templos foram saqueados e destruídos. Sacerdotes eram queimados em praça pública, em um espetáculo de puro horror, e qualquer devoto dos deuses era chicoteado.
A ordem foi transferida para as Cordilheiras de Sotopor, onde permanecemos, aguardando o momento certo, o sinal dos deuses para começarmos a punir os apóstatas. E ele veio... O Grande Sábio...
Seriam necessários três anos até que conseguíssemos entrar novamente em Caleonir. Agíamos nas sombras... interceptando suprimentos dos Bankdis, atacando pequenas tropas e principalmente matando oficiais. Nosso número era em muito inferior comparado aos nossos inimigos, porém a tática funcionava e Cambu sorria para nós.
Durante o dia a cidade ficava sob o controle Bankdi, mas à noite, com o toque de recolher imposto a todos, circulávamos pelas vielas e ruas coletando informações, levando mensagens, atacando e matando oficiais Bankdis... minando, destroçando aquela praga que se enraizara no nosso solo.
Hoje é mais uma noite das muitas que existem no ano de 1394 D.C. Durante todo o dia caminhei pela cidade como um comerciante qualquer vendendo tecidos e vasos. Aprendi a ser um, durante os anos de treinamento na Ordem. Achei meio estranho aquilo, naquela época, mas hoje tudo se mostra com um propósito... Posso caminhar à vontade pela cidade pois passo a impressão de ser apenas mais um insignificante negociador entre os muitos na cidade... e até tenho lucrado alguma coisa com os negócios. Cambu é fiel!
A mensagem de hoje vem como todas as outras, no fundo de uma grande jarra de vinho. O pagamento sempre uma moeda de ouro... Menor do que a comum e com um pequeno símbolo da ordem gravado na borda. Imperceptível para aqueles que não sabem onde procurar.
Levei a mensagem ao cais, mais uma das centenas que já enviei de outros informantes. Informações que deram a nossos aliados a posição de tropas inimigas, número de soldados e até trajetos de suprimentos.
Quantos morreram para obter tais informações? Quantos ainda teriam que ser sacrificados no altar da liberdade?
Caminho pelas sombras, para levar a luz aos oprimidos... Já a muito não sei de antigos amigos, irmãos ou pais. Luto, contudo, por eles, para que possam viver em um mundo mais justo e livre. Pois quem acredita na liberdade, sempre alcançará a mesma.
Na Cidade Dourada, na Cordilheira de Sotopor, a biblioteca da ordem detém os antigos textos originais com o início da mesma. Neles estão relatados que no ano de 800 D.C., Cambu apareceu para dois jovens e fiéis sacerdotes, Címero e Rizaio, que viviam nas margens do Rio Frefo. A eles foi dada a missão de propagar a fé, servindo como mensageiros dos dogmas da divindade, além de organizarem os rudimentos do que seria a Ordem da Divina Prosperidade.
Aliás, a História da Ordem esta indissoluvelmente ligada ao próprio nascimento de Plana como nação independente. Foi graças aos sacerdotes de Cambu que muitos dos povos que habitavam a região se uniram com um objetivo comum e formaram o reino de Plana e, mais tarde, lutaram para que este se tornasse definitivamente independente da Moldânia.
Durante a fundação de Caleonir foi construído o primeiro templo de Cambu, que, posteriormente, viria a ser a primeira sede da Ordem. Missionários foram enviados às demais cidades para propagar a fé e a mensagem do deus aos povos. A Ordem cresceu. A doutrina se propagou na região e vários outros templos foram construídos em todas as cidades e nas pequenas vilas. A maior parte do povo passou a venerar Cambu.
À medida que o tempo passou, porém, nuvens negras se formaram vindas de paragens distantes. Relatos de homens e demônios, dor e sangue começaram a ser ouvidos. Enfim, após alguns anos, não bastou somente propagar a fé, mas garantir que esta sobrevivesse aos anos vindouros. Com a dominação de Plana pela Seita, uma pequena fortaleza foi construída, com o auxílio de anões fiéis à Ordem, nos contrafortes da Cordilheira de Sotopor, ao Sudeste do país – a cidadela dos viajantes — para não somente esconder os manuscritos seculares da Ordem, mas também o tesouro que arrecadaram durante os anos e ser a nova sede. Sua localização se tornou secretíssima e somente os mais altos membros e servos leais tinham (e ainda tem) conhecimento desta. Mesmo nos anos mais negros de dominação Bankdi, sua localização jamais foi revelada. Este foi o centro da resistência da Ordem. Tesouros, armas, suprimentos e informações estavam assegurados para os anos de luta. Longos anos de combate e resistência à dominação do mal se passaram. Aos reinos mais distantes foram enviadas mensagens e informações que pudessem ajudar nos combates. Uma imensa rede secreta foi formada em todo o reino, onde fieis servos de Cambu auxiliavam na resistência.
Os anos que se seguiram à libertação da Seita foram de reconstrução dos templos, caça aos traidores que colaboraram com os bankdis e aos sobreviventes demonistas e expansão da Ordem para todo o Mundo Conhecido.
A sua riqueza é conseguida através dos serviços diplomáticos prestados pela Ordem, donativos dos fiéis e impostos pagos pela utilização dos conhecimentos em práticas comerciais que são estudados a fundo pelos seus sacerdotes. Ao contrario das demais Ordens, a Ordem de Cambú tem uma presença muito marcante em todos os reinos humanos, pois a grande maioria dos templos de cambú estão de alguma forma subordinados ou associados a ela. Porém, se enganam aqueles que acreditam que todo o dinheiro arrecadado é enviado à Cidade Dourada. Uma grande parcela dele é repassada para sustentar esse milheres de templos de Cambú espalhados por toda Tagmar.
Os Penas Douradas servem aos Ministros da Ordem, que contam com um efetivo de cerca de cem arqueiros cada um, realizando escoltas de caravanas e comitivas e as mais diversas missões para os seus líderes.
Os Penas Prateadas servem aos Conselheiros da Ordem, que contam também com um efetivo de cerca de cem arqueiros cada um, com funções semelhantes ás dos Penas Douradas, executando missões, mas normalmente são designados como guardiões de lugares sagrados.
Já os Penas Douradas e Prateadas vestem cotas de malha parcial de coloração dourada/prateada com o símbolo da Ordem em alto relevo na região peitoral e um elmo aberto. Eles envergam ou arcos compostos ou arcos de guerra e uma maça para combate corpo a corpo.
A indumentária dos Guardiões varia conforme sua missão. Nas missões de patrulha das trilhas secretas eles envergam cotas de malha completas de coloração mais escura, camuflando-se com o ambiente ao redor. Portam um elmo aberto e um escudo pequeno redondo. Carregam também uma pequena corneta de chifre de animal para alertar os companheiros. Neste tipo de missão eles preferem usar lanças, espadas ou machados crescentes. Nos demais tipos de missão os guardiões usam a couraça metálica parcial dourada típica da Ordem, com o símbolo da mesma estampado na placa peitoral, um belíssimo elmo também dourado, adornado com runas e símbolos místicos e um grande escudo quadrado, de corpo inteiro. Não existem restrições de armas para estes tipos de tarefas.
Sempre buscarás as palavras antes das armas: Antes de resolverem qualquer querela por meio armado, os sacerdotes da Ordem devem tentar negociar e chegar a uma solução amigável entre as partes litigantes.
Buscarás a paz entre os povos: Cambu é o deus das relações inter-raciais e entre todos os povos de Tagmar. Os sacerdotes de sua Ordem devem lutar para que todos os seres racionais do Mundo Conhecido se relacionem amigavelmente entre si.
Sempre retribuirás o que receber: Os sacerdotes de Cambu não costumam receber nada de graça. Eles sempre retribuem qualquer ajuda, material ou não, que receberem.
Buscarás sempre o preço mais justo: Este voto é levado muito a sério particularmente entre os Economistas que são os comerciantes mais ferrenhos de todo o Mundo Conhecido. Se eles acham que um determinado produto vale menos do que está sendo cobrado ou mais do que está sendo vendido, eles negociarão exaustivamente até que o preço mais justo seja alcançado para aquele produto.
A principal força é a Guilda de Comércio do Oeste. Ela é responsável por financiar grandes expedições comerciais em toda Tagmar, dos comerciantes de Plana a de outros reinos. Quando empresta dinheiro cobra dez por cento de juros sobre o valor emprestado, quando participa tem cinqüenta por cento do lucro.
Escolas de Diplomatas e navegadores são financiados por eles e cobrados valores de serviços aos alunos. A escola tem a função de preparar profissionais capazes para a sua função.
A cidade de Porto Velho tem, entre os estaleiros de construção, o pertencente à ordem. É de lá que saem os navios que serão usados nas expedições (sendo estes para o comercio ou para a defesa) e parte da tripulação que o integrará. Serão os olhos e ouvidos da Ordem. Estes navios recebem a marca de Cambu no mastro principal e no casco, ambos discretos e visíveis aos membros da ordem.
Nas estradas muitas estalagens e postos e abastecimento são controlados pela Ordem. A eles é dada a função de atender aos viajantes e servir de abrigo a membros da ordem em suas missões.
O dinheiro que financia e mantém a Ordem vem através destas estruturas, além de cinco por cento de dízimos pagos pelos comerciantes de cada cidade de Plana e de donativos dos fiéis.
“Eu (nome do acólito), juro diante dos meus superiores e dos meus companheiros de Ordem, que serei sempre fiel a Cambu. Espalharei a riqueza da terra a seus fiéis, trazendo a paz e a harmonia a corações e lares. Buscarei a conciliação entre as raças através das palavras ao invés da guerra. Que buscarei ser sempre justo em minhas negociações e empreendimentos comerciais. Que ajudarei meus irmãos de Ordem e todos aqueles que clamarem o nome de Cambu. Mas todos que macularem e desonrarem o seu nome e seu desejo amargarão sua irá com sangue e dor.”